A alegria de conquistar a si mesma: sobre fazer coisas sozinhas

(Foto: acervo pessoal)

  Há um pouco mais de uma semana eu conheci o grupo Mulheres que escrevem e mais do que isso: fui convidada por uma amiga super querida a ir num evento presencial do grupo e ouvir 4 mulheres diferentes entre si, mas todas engajadas e apaixonadas pelas letras e o mais legal: elas escrevem na internet. Meu coração de blogueira incurável quase parou, mas graças ao Pai ele continuou batendo firme para eu pode viver esse momento.

  No dia, minha amiga não pôde ir e eu me vi tendo que enfrentar esse chamado sozinha: eu sozinha, a noite num lugar distante da minha casa, em que eu gastaria um punhado de grana que nem to podendo gastar só pra ir e voltar. Eu que em plena crise de jovem adulta tentando buscar meu lugar no mundo, no mercado de trabalho e na minha própria vida me vi tendo que fazer isso por mim sozinha. Pode parecer aleatório, mas nesse período de reformulação e  busca constante da minha independência eu acabei deixando de fazer muitas coisas sozinhas, por que eu não tinha condições financeiras que me permitissem sair e gastar uma grana de consciência tranquila.

   Mesmo assim, eu queria muito ir. Sentia que precisava fazer isso por mim. E meu anjo da guarda, que também atende por "namorado", disse que me acompanhava até o lugar para pelo menos eu não chegar sozinha nem me perder no caminho. Como eu tinha que encontrar uma amiga antes no centro da cidade (Rj) paramos no trabalho dela primeiro e depois dos incentivos e encorajamento dele eu me senti animada pra ir "sozinha" mesmo. Nesse meio tempo entre decidir ir e pegar o metrô, eu liguei para minha mãe para avisar que iria sozinha - até então para ela eu ia com aquela amiga- e ela demonstrou tanta tranquilidade, que também me incentivou e isso foi a força final que eu precisava para decidir com confiança. Afinal, para mim tranquilidade de mãe é um ponto crucial, pois angustia de mãe é alerta para algum risco pelo caminho.

   Detalhes a parte, o que percebi com tudo isso foi que eu estava perdendo oportunidades simples da vida, por que de alguma forma eu comecei a me sentir inferior a elas. Eu nesse crise de jovem adulta começava a me questionar em silêncio se eu realmente tinha a ver com a oportunidades que surgiam, questionava se elas eram para mim. Exceto ver meus amigos, tudo ficava longe de mais, ou horário complicado de mais, ou lugar complicado demais, ou transporte público ineficiente demais para se fazer sozinha. Claro que todas essas circunstâncias existem. Mas, eu nesse dia percebi o quanto elas estavam me amarrando e como estava começando a me sentir menos merecedora desses espaços de cursos/encontros/lazeres. Eu estava me sentindo menos merecedoras dessas alegrias, por que eu ainda não consigo caminhar com minhas próprias pernas. E como eu detesto me sentir amarrada, e tenho um namorado-anjo que tem esse mesmo impulso de liberdade que eu,  nesse dia eu pude me sentir um pouco mais eu de novo.  Pude me sentir um pouco mais dona de mim, mesmo que isso me custasse uma semana de gasto zero.

   Nesse dia eu cheguei em casa cansada e com dor de cabeça, mas com o coração feliz, com a veia pulsando vida e a respiração mais intensa, como quem não quer parar. Como consegui avisar pelo Instagram, depois de dias sem atualizar lá,  eu me mantive um pouco afastada da internet na semana passada por que meu lado "responsável por mim mesma" estava a todo o vapor. E foi isso. Depois desse dia marquei uns exames que precisava fazer, fiz os exames, iniciei o processo de renovação da minha carteira de habilitação e fiz outras pequenas coisas que me dessem gás para continuar fazendo coisas por mim. Fiquei offline da internet por que estava muito ligada as coisas que eu precisava fazer por mim, pela minha saúde, pela minha independência fora da internet. E a sensação de fazer algo por si é libertadora! Ainda mais quando você está num momento delicado de questões internas e externas sobre si mesmo e sobre o encaminhamento de sua vida. 

   Não importa o que seja: cinema, médico, estudos, se candidatar a vaga de emprego, iniciar um curso, ou conhecer um lugar novo, apenas faça. Se você tiver condições mínimas de fazer: faça. Não espere os outros, se for preciso no início peça uma companhia de repente até parte do percurso, do processo, daquilo que você quiser fazer. Mas, entenda isso como uma companhia para dar tempo de você se fortalecer internamente e sentir que pode sim faze aquilo sozinha e que a sensação é maravilhosa! Foi como aconteceu comigo, precisei do aval da minha mãe e do apoio, cuidado e incentivo do meu namorado. Entenda que essas pequenas ajudas devem ser como impulsos pra você caminhar com os próprios pés, elas são como atravessadoras para nos levar a um caminho que só nos podemos seguir, mas essas ajudas só te levam até a entrada. Essas companhias devem ajudar apenas a sentirmos aqui dentro que podemos seguir sem medo de enfrentar problemas ou conquistar nossos desejos sozinhos.

   Esses conselhos podem soar infantis, ok. Mas, cada um sabe o que pesa dentro de si, ainda mais quando se está num momento delicado. Não podemos julgar o que cabe na realidade do outro, por que a nossa é diferente. Talvez você tenha feito tudo sempre sozinha e agora esteja em busca de alguém pra começar a dividir. Talvez você não tenha a sorte de ter uma mãe que te incentive como a minha, mas estou certa que você tem uma pessoa querida que pode te ajudar nisso. E se ainda assim você se sentir só, saiba que eu estou aqui me disponibilizando a ser essa "companhia", mesmo que estejamos a quilômetros de distância! Eu estou aqui torcendo para você se sentir capaz de encarar seus pequenos desafios sozinha, por que você consegue e você merece a sensação de invencibilidade que essas pequenas ações nos trazem.

  Esse desabafo é um suspiro de quem se lembrou de que não vale a pena perder oportunidade nenhuma por insegurança ou comodismo. Por que a cada oportunidade perdida, perdemos um pouco de nós e do que poderíamos ter sido se vivêssemos mais o que a vida nos oferece. A cada  uma delas perdemos a vontade de seguir nossos sonhos, perdemos aos poucos força para buscar até mesmo aquilo que precisamos! Vamos nos tornando cada vez mais aquilo que "poderíamos ter sido" e não o que realmente queremos ser. Por isso, fazer coisas sozinhos é um ato de conquista de si mesmo, é saber respeitar sua realidade, mas também sua vontade de crescer, de não parar no tempo nem de deixar seus sonhos para trás. O comodismo e a insegurança, são ambos como um sala com um sofá velho na frente da televisão, ele vai ganhando as formas do seu corpo e te prende ali na programação que te oferecerem por horas, até que seu corpo comece a doer pelo estado do móvel e sua mente se entedie pela programação limitadora. Você não pode escolher mais conteúdo do que os canais te oferecem, tampouco pode fazer outra forma que não seja a forma do seu corpo no sofá limitador. Por isso, levante e saia a buscar suas próprias experiências, conteúdos, conhecimentos e forma e viver e sentir a vida, assim sua mente e seu corpo agradecem. 

   O coro do dia é: não requeiramos tanto a participação e companhia do outro a ponto de isso virar dependência, até que nosso corpo doa e nossa mente se limite. Se pudermos fazer por nós mesmos então façamos. Por que no final, quem leva para debaixo da terra nossos sonhos não vividos, nossas doenças mal curadas e oportunidades perdidas será nós mesmos. Por isso, deixo esse incentivo/conselho/desejo: faça por si, então conquiste a si mesmo, antes que qualquer outra pessoa pense em ter-lo conquistado. Desbrave esse caminho primeiro, você merece a confiança de se saber capaz . 

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Ps.: Essa foto eu tirei na viagem que fiz em Julho, para Palmas-TO em que fui para ser madrinha do casamento do meu primo. Ela foi tirada da Ilha do canela e eu mesma editei, não foi nenhum photoshop, mas já estou feliz co os pequenos avanços! :D

Ps2.: Minha caixa de comentários está mais que aberta para troca e contribuições de vocês, tenho recebido muitas amigas aqui, e algumas blogueiras que admiro também! :) Mas, quero aumentar ainda mais essa rede de troca/força/empatia. Então, a participação de vocês é fundamental! Afinal, juntos somos mais fortes! Beijos